Já te contei que sou professora? Não? Pois é … EU SOU!
Sou professora da rede pública. Escola situada na periferia da cidade.
Se você está pensando: Chatice! Hoje ela vai reclamar da profissão!
Te peço calma, espere um pouco, não saia daqui, meu enfoque é outro.
Como professora convivo com diferentes realidades. Desde crianças super protegidas à crianças em alto nível de vulnerabilidade.
E, para além dos conteúdos escolares, eu sempre procuro ouvir as crianças, olhá-las realmente, observá-las.
Escuto cada coisa! Às vezes (que meus alunos não leiam isso) me faço de surda, cega e desentendida para continuar a ouvir… medos, desejos, anseios, projeções de futuro…
Não quero aqui fazer-me de vítima, mas… tem dias que a sensação de impotência é desesperadora! Tem dias, que minha vontade é pegar 3 ou 4 e trazer para casa! Tem dias que choro!
Ai, lavo o rosto e recomeço!
Amigas (os), muitas vezes, não sabemos o que aquela criança que cata papel passou na sua curta vida. Não sabemos o que aquela criança que te pede uns trocados da porta do mercado já presenciou, e o quanto, apesar da pouca idade, tem projeção de um futuro curto, torto, incerto.
Como humana que sou, há dias que me revolto, fico brava, brigo e até grito. Mas aí, rapidamente, tenho uma tomada de consciência… Porque criança que nunca recebeu amor, não sabe dar amor! Criança que é só tratada a gritos, insultos e xingamentos não sabe agir de outra forma.
Ai, novamente, é preciso lavar o rosto e recomeçar!
Preciso ser luz! Preciso ser amor!
Seja luz, seja amor!
Tua presença pode ser o único momento do dia em que uma criança vai receber um carinho, uma palavra de incentivo, um gesto de doçura! Aponte o caminho certo! Mostre que pode ser diferente! Sorria, olhe com olhos de esperança. Ao invés de culpabilizar órgãos ou transferir responsabilidades, simplesmente faça sua parte!
“Jesus disse: E qualquer que receber em meu nome uma criança tal como esta, a mim me recebe” Mateus 18:5
Analéia